No local em que se encontram estas duas moradias e o complexo hídrico com que se fundem, jamais poderá ser edificada outra construção parecida, por um lado porque se encontra em zona de salvaguarda urbanística e, por outro, porque os mecanismos que ainda ali estão instalados e a funcionar, dificilmente serão reprodutíveis ou passíveis de serem replicados, aliás, tal como os edifícios que preservam toda a traça e se organizam de acordo com o que a natureza estipulou, que é o mesmo que dizer, em perfeita consonância com as práticas e tradições ancestrais, decorrentes de engenharias industriais que aproveitaram a água, os aclives e declives como processo de aceleração e animação de engenhos capazes de produzir energia e transformar produtos agrícolas granulados em farinhas de milho, centeio, cevada, entre outras.
A maior destas duas casas permanece praticamente intacta no que diz respeito aos ditos engenhos e à água que circula dentro de si própria, quase como se de seiva se trate e dessa seiva dependa a sua própria existência, no entanto, fruto da criatividade do seu proprietário, adaptada à convivência humana, seja em termos de habitação permanente ou habitação turística nas oito suítes de que dispõe, salões, cozinha, despensa, alpendres, passeios, escadas, acessos, represas e ribeiros.
Localizada muito próximo da Bouçã, a única barragem em Portugal que descarrega em cascata, por cima do muro de contenção, situada a poucos quilómetros de Cernache do Bom Jardim, rio Zêzere, a jusante da Barragem do Cabril e a montante da Barragem de Castelo do Bode, numa verdadeira encruzilhada de espelhos de água, rios e ribeiros, charcas e áreas de verdadeira natureza verdejante e poderosa.